A ideia de que alguém pode ser “obeso saudável” tem sido um tema de debate entre profissionais de saúde e pesquisadores por muitos anos. Este conceito sugere que é possível estar acima do peso ou obeso e ainda assim não apresentar problemas de saúde típicos associados à obesidade, como hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. No entanto, a maioria das evidências científicas aponta que a obesidade, independentemente da presença de complicações metabólicas imediatas, está associada a um risco elevado de diversas condições de saúde a longo prazo. Este artigo explora por que a noção de “obeso saudável” é, em grande parte, um mito.
Definição de Obesidade
A obesidade é geralmente definida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo o peso de uma pessoa em quilogramas pelo quadrado de sua altura em metros. Um IMC de 30 ou acima é considerado obeso. No entanto, o IMC não leva em conta a composição corporal, como a proporção de massa muscular em relação à gordura, nem a distribuição da gordura no corpo, que são fatores importantes para a saúde.
Riscos Associados à Obesidade
- Doenças Cardiovasculares:
 Estudos mostram que a obesidade está fortemente associada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares. O excesso de gordura corporal pode levar à hipertensão, aumento dos níveis de colesterol e inflamação crônica, fatores que contribuem para doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
- Diabetes Tipo 2:
 A obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2. A resistência à insulina, uma condição frequentemente observada em pessoas obesas, impede que a glicose entre nas células, levando a níveis elevados de açúcar no sangue.
- Síndrome Metabólica:
 A síndrome metabólica é um conjunto de condições que inclui hipertensão, altos níveis de glicose no sangue, excesso de gordura abdominal e níveis anormais de colesterol ou triglicerídeos. A presença dessa síndrome aumenta significativamente o risco de doenças cardíacas, derrames e diabetes.
- Doenças Hepáticas:
 A obesidade pode levar à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), uma condição em que o excesso de gordura se acumula no fígado, podendo progredir para inflamação, fibrose e cirrose hepática.
- Problemas Respiratórios:
 O excesso de peso pode causar apneia do sono, uma condição em que a respiração para e recomeça repetidamente durante o sono. Isso não só afeta a qualidade do sono, mas também aumenta o risco de hipertensão e problemas cardíacos.
- Saúde Mental:
 A obesidade está associada a uma maior prevalência de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. A discriminação e o estigma relacionados ao peso podem contribuir para esses problemas.
Evidências Científicas Contra o Conceito de “Obeso Saudável”
Estudos de longo prazo indicam que, mesmo que indivíduos obesos não apresentem inicialmente complicações metabólicas, o risco de desenvolver essas condições aumenta com o tempo. Uma pesquisa publicada no Journal of the American College of Cardiology seguiu mais de 10.000 pessoas por uma média de 20 anos e descobriu que indivíduos obesos, mesmo aqueles considerados metabolicamente saudáveis, tinham um risco significativamente maior de desenvolver doenças cardiovasculares ao longo do tempo em comparação com pessoas de peso normal.
Conclusão
Embora alguns indivíduos obesos possam temporariamente não apresentar complicações metabólicas, a obesidade em si é um fator de risco significativo para uma série de condições graves de saúde. Portanto, a noção de “obeso saudável” é, na melhor das hipóteses, uma visão simplificada que ignora os efeitos a longo prazo do excesso de peso no corpo. A promoção de um peso saudável através de uma dieta balanceada, exercício físico regular e outras mudanças de estilo de vida é fundamental para a prevenção de doenças e para a promoção da saúde geral.